Bar Guarani, a edificação mais antiga existente em Manaus - século XVII
Esta fotos são de Mauri Santos e foram tiradas de Skycraper city
“ Havia um tempo em que o crepúsculo me atraía.
Era quando eu preferia ver-me por entre aquela claridade fraca – resquício de luz que persiste ao ocaso do sol.
Meu coração assemelhava-se aquela flor, escondida por entre as rochas e minha alma era como as pétalas fechadas em si mesmas... Não havia beleza que se pudesse contemplar, pois o que está oculto, como pode ser contemplado?
Pai Nosso e amor que tomo por meu, já conhecias esta beleza escondida em mim, já me admiravas como parte de Tua criação, sem que eu sequer percebesse o teu olhar a me amar!
E eu, não me percebia, seguia sem me sentir. Como podia então te amar e te sentir? Simplesmente, não sentia.
Ensimesmada, inclinada ao chão, via apenas passos; passos que me conduziam a algum lugar.
Pensando eu não ir a lugar nenhum...
Por entre as linhas de uma existência silenciosa, fostes tecendo um trajeto de amor, que hora ou outra, me conduziriam a um único lugar: o teu coração.
E tudo foi assim...perfeito demais. Você veio em minha direção e eu seguindo distraída pelo caminho. Esbarro em ti e quando penso em pedir desculpas, lanças em mim teu olhar de eternidade, dizendo: Pede desculpa não, fiz de propósito!
E assim, num momento de minha história, desviastes o meu olhar do nada, olhei rapidamente a mim e cheguei, finalmente, a ti. Fulguraste em arroios de ouro por entre as sendas deste humano e frágil coração.
Por vezes, pergunto-me: Como posso ser a imagem e semelhança do teu ser? Sei apenas que sou semelhança do Amor pelo qual o amor foi gerado em mim!
Tu me sonhavas? Sim...
Tu me amavas, mesmo quando te ignorava?Sempre...
Então, quando em meio ao crepúsculo eu estava, existias; mas eu não te sentia. Não tinhas consistência para minha existência.
E aí, naquela comum manhã, apareceste na janela da minha alma, declarastes o teu amor e até hoje ainda consegues me deixar sem graça assim...
E assim, no silêncio dos dias que seguem, em tudo vejo a gentileza do teu amor se refletindo em vida para mim.
Quando as palavras emudecerem, quero que olhes para mim e ouças o meu coração que, a cada batida, declara-te amor.
Tudo parecia estar indo para o caminho da solidão. Desespero. Esperança nem existia. A única coisa que ela possuía em seu peito eram enormes feridas abertas que sangravam e doíam mais que qualquer ferimento feito por algum objeto cortante. Ela carregava mágoas profundas de quem um dia viu, ouviu e teve por obrigação acreditar que não era amada.
Ele caminhava a sua vida tranquilo, meio sem nexo. Sua rotina era a mesma e um tanto vagabunda, sem grandes retornos futurísticos se assim permanecesse. Era um atraente menino do Ensino Médio, com idade avançada para tal série, mas ainda sim um menino. Dormir era sua atividade favorita, cyber também. Estudar era seu martírio, mas comparecia a escola, e pelo menos com isso um pouco depois conseguiu seu boletim final que lhe dava a aprovação, ou a bendita liberdade tanto esperada. Doce engano. Mas isso são outros méritos. Concluindo, seu cotidiano era banal.
Ela tinha uma vida monótona. Mas do jeito que ela caminhava, olhava para frente, visionava o seu futuro. Estudar era a sua atividade favorita, cyber seu hobby. Boletim final um reconhecimento de um esforço feito tanto pela família quanto por ela mesma. Tinha em mente que a vida, a partir dali só estava começando.
Ele era doce em muitos aspectos, aparência chegando a ser angelical. Um tanto puro, sinônimo de inocência. Para um menino-homem, ele parecia perfeito para as meninas-mulheres. Era compreensível, sensível, ‘so cute’. Apesar de toda essa áurea, seu jeito despojado, seu cabelo desarrumado conseguiam seduzir uma alma feminina. Talvez não todas, mas a alma dela sim.
Ela não possuía beleza alguma, garota comum. Olhos grandes e cabelos lisos e longos marcavam sua aparência. Papo cabeça, muitos diziam que ela era engraçada, e ela se prevalecia disso para viver. Sobreviver. Atuar? Era uma menina bem humorada, falava coisas cômicas, encantava também. Mas de boca fechada, era simples igual a todo mundo. Menina de poucos amigos, gênio forte, porém silenciosa. Com os olhos gigantes que tem, observava tudo e todos, e foi assim que ela o viu.
Algum tempo depois...
Ele começou a namorar uma menina chata, proveniente de imbecilidade e complexada feita em laboratório interior. Convenhamos, a moça era bonita. Tá okay, ela estava a sua altura. Mas mesmo assim, a menina era um chute nos... rins! E ele, apaixonado por ela. Pelo menos era isso que exalava.
Agora, é que a vida dele e dela se cruzam.
Obs: ‘Deus é sábio em toda a sua forma, coloca determinadas pessoas em uma vida para trazer de tudo um pouco, mas com a mesma finalidade: Que todos aprendam, vivam e assim sejam felizes.’
Essa “simpática” moça era amiga dela, pelo menos na época eram amigas. O fato mudou de acordo com o tempo. Ela era empenhada em ajudar pessoas que se gostavam, isso amenizava de alguma fora as suas próprias feridas. E foi assim, que ela e ele se conheceram. Em uma tarde nublada de fim de aula de colegial, ela o conheceu. Foram enfim apresentados. Ele foi insignificante para ela, mas ela foi muito agradável para com ele. Eles se tornaram amigos que só sabiam conversar um único assunto que tinham em comum: a dita-cuja, ou melhor, a moça. Sabe, a amiga dela... namorada dele... Então, essa mesma. Como foi narrado, a menina era complicada e não sabia o tesouro que tinha nas mãos. Ela o ouvia e aconselhava todas vezes que era possível deles terem uma conversa. E ela fazia isso de todo coração. Mas não foi o bastante, o relacionamento dele mais a outra teve um basta. E pelo o que ela soube, ele ficou meio triste. Mas foi só isso que soube, de fato ele e ela se afastaram. Já não tinham mais nada em comum para conversar.
Nesse instante, o coração dela estava parcialmente sarado, mas ainda sim ela continua a se decepcionar. Suas escolhas nunca eram certeiras, e o fantasma da agressão anterior àquele coração ia e voltava, não era possível totalmente a paz. Mas mesmo assim, ela continuou seguindo.
Obs: ‘Nada como o tempo. Se ele não sara a ferida, ele faz ser percebida a saída. E assim o fez.’
Agora começa a história desse amor, amor dela e dele, somente deles. E mais ninguém. Um amor único, alma gêmea? Não, calma. É suficiente dizer que ele completa ela e ela a ele. Ela é o sentido da vida dele, e ele é a luz da vida dela.
Ela demora a tomar uma decisão, mas quando toma, é definitivo! E foi assim. Em um dia, ela acordou e disse que não tentaria mais encontrar a tão esperada pessoa que a faria feliz. Disse também que se fosse para ficar só, ficaria; E pediu que ninguém atravessasse seu caminho para ela poder seguir em paz com o que tinha acabado de decidir. Mas, nem tudo é como se quer. Nesse mesmo dia, pela parte da tarde, ela o encontrou. Eles trocaram olhares que nunca haviam trocado e ela sentiu algo que não havia sentido antes. Agora, ele passou a fazer sentido para ela. Dos dias que se seguiram, conversavam todas as noites. Isso durou exatamente 9 dias. Até que se encontraram. Ele não superou todas as expectativas dela, mas foi o bastante para aquela noite. Aquela noite... aquele abraço... a primeira brisa do cheiro particular de cada um... o beijo. Ela não acreditava no que estava lhe acontecendo, como isso poderia estar acontecendo? Ele?? Não. Sim. Não. Sim. Ele! A partir daí, começou-se o namoro.
Era um querer de todo dia, uma saudade enorme que começava segundos depois após a distância um do outro. Créditos esgotados; ligações e mais ligações registradas no final do mês na descrição da conta telefônica; borboletas, gafanhotos, grilos, sapos tudo em seu estômago. Concluindo: eles estavam apaixonados.
Ele e Ela foram felizes e são. Tiveram muitas tristezas, machucaram um ao outro, mas muito mais que isso são felizes. E há mais de 2 anos deixaram de ser dois e passaram a ser somente um. Costumam dizer que nos primeiros momentos de um relacionamento só existe paixão, paixão, paixão. O amor vem depois. Eles estão a quase 3 anos juntos e, na visão dela, o amor já chegou. Pois muito já foi superado, muito já foi amadurecido, muito já foi vivido e tem muito a ser contado.
Ela está diferente do que era naquela tarde nublada de fim de colegial, ele está distinto daquele 9º dia. Ambos mudaram, superaram, enfrentaram dores, perdas, ganhos, frustrações, alegrias, tristezas, aborrecimentos juntos. Ambos compartilham da arte de viver. Viver juntos, mesmo que seja ela na sua casa e ele na dele. O espaço de tempo que separou os dois não foi suficiente para quebrar essa ligação, não foi o bastante para apagar todo sentimento. Qualquer outro par que por ventura apareceu foi insuficiente. Ela sempre o quis e ele a ela.
Ela o ama. Muito. Ama tanto que seria capaz de qualquer coisa por ele, ama tanto que parece nem caber no peito, e o coração que está no peito de tanto amor parece nem conseguir habitar no corpo. Ela não quer mais lembrar do que passou, ela quer começar de novo, está disposta a enfrentar tudo para ficar ao lado dele. Ela sabe que de início vai ser difícil, mas encontra forças para continuar e não baixar a cabeça a cada vez que seu olhar encontra o dele. Ele é a inspiração dela, o motivo primordial que a faz acordar todos os dias para um novo dia. Ela agradece a Deus por esse presente, por esse alguém ter cruzado seu caminho e assim ela ver que também poderia ser feliz.
Ela o ama e é com ele que deseja ficar, e que assim seja.
E todos os versos que a menina havia guardado em seu coração
E todas as palavras que trancafiara alma adentro, com receio de não ser compreendida
Pôs-se a cantar em tons líricos, desejosa de ter o complemento que faltava à colcha de retalhos de sua existência barbadiana. Sim, porque repousa em seu sangue o grito de liberdade de seus ancestrais. O sangue vermelho intenso é o mesmo que hoje ainda pulsa em veias finas e frágeis daquela menina.
E aqueles que antes choravam sob o jugo da escravidão, hoje cantam alegres, na margem do rio, seu canto de liberdade.
Mas agora, há outra luta a se travar e outras alforrias a se exigir.
Bem da verdade é que não é de hoje que o homem faz-se o lobo do próprio homem, como tão bem descobrira Locke em suas peripécias teóricas. Homens assim - de solilóquios- são interessantes por isso. Desenvolvem uma percepção seletiva.
E a menina aprende que basta uma flor na janela, apenas uma flor, para que sua existência tenha sentido. O “porque” sobrepuja o “como”. E o resto... Bom, é o sobressalente do que não importa. Conclusão: há muito mais do que uma flor. há muito que se amanhecer...