sexta-feira, 30 de julho de 2010

Pra minha vaquinha de presépio



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Ok, então está marcado. As 16h30min te espero lá.

Assim terminamos nossa conversa virtual. Marcando uma saída adiada há muito..em 21 de julho de 2010.

Disseram pra mim uma vez que há pessoas que te conquistam de tal forma, acertam bem no centro do coração, de modo que nem o mais atroz inimigo feito distancia é capaz de diminuir o bem que se devota a tal. E assim se fez conosco. Conhecemo-nos num momento de transição: deixávamos o colegial e avançávamos rumo a um universo ate então alheio a nossa realidade: a Academia. Solo sagrado do saber, nossos pés adentraram aquelas terras onde a sarça arde sem nunca se consumir: é a sede do saber que tal qual um presente vindo dos céus instigam os homens a dar sentido as suas existências.

E lá estávamos nós, aprendizes ansiosos por desbravar aquelas terras.

Eu cheguei primeiro. Pontual como sempre. Ela atrasada. Novidade? Acho que não!

Estava sentada esperando que o rito de passagem começasse. Aquelas apresentações básicas e perguntas clichês do tipo: “Digam seu nome e por que escolheram este curso e blá blá blá”.

Trazia em mim uma sensação inquieta. Queria que a sala estivesse logo cheia, pois ansiava por ver os rostos com quem compartilharia praticamente cinco anos de minha vida. Uma sensação embaraçosa estava no ar. Rostos desconhecidos, uns mais arrumados outros menos, baixos, altos, magros e pardos. Sincretismo humano.

De repente, adentra à porta uma guria que me chama atenção. Calma, eu sou hétero. (RSRSR)

Pele bronzeada, cabelos ondulados, rosto juvenil de quem traz a vida nos olhos. Ela não me pareceu comum, acho que foi por isso que neste momento ao vê-la disse comigo mesma: Acho que essa guria vai ser minha amiga. (bom para alguém tão cativante como eu é quase impossível não me amar... rsrsrs).

E assim se fez. Apresentações finalizadas, saímos do recinto em direção à parada, esperando um meio digno de transporte. (é, pode crer se o 352 falasse! Ônibus que tempos depois carinhosamente chamaríamos de “pau –de –arara”!). Descobrimos ali mesmo a primeira de inúmeras afinidades: nós duas (e mais uma cambada*) morávamos na mesma Zona (de risco) da cidade.

E aquele ônibus, foi o nascituro desta amizade que no transcorrer destes anos, firmou-se espontânea e legitimamente. Seguia-se uma hora (ou mais) de conversas jogadas fora, onde estabelecíamos através de perguntas simples de nossas historias uma cumplicidade que nos ‘casaria à alma’, como tão bem intuiu Deodato*, ops, quis dizer Aristóteles, ou seria Sócrates?? Bom, qualquer um dos filósofos aí da Grécia.

Mas nós não tínhamos dimensão disso. Do sentimento, da irmandade que se construiria, do amor com que nossos corações se cativariam. Será que eu sou o principezinho ou a raposa? Ate hoje não sei... Bom, mas assim se fez: cumplicidade que um dia nos faria una. Risadas a perder as contas formam a tessitura deste bem-me-quer. (Não sei por que ate hoje você ri das minhas patuscadas?).

Acho que é porque eu faço piada de tudo, ate da minha sombra. Tropeço em meus próprios pés (carinhosamente chamados por mamãe de ‘pés de gancho’) entro no banheiro dos homens porque por um instante achei que o bonequinho da placa usava vestido, e só me dava conta quando...no coment! Amarelo ao esbarrar diante de paixões surreais e faço desta amiga um escudo... Tomo seus braços e saio correndo campus abaixo lembra? E o dito cujo correndo atrás de mim. Utilizo-a como escudo, mas fica calada ele percebe meu infantilismo....srrsrs.

E tantos outros momentos, não é Di? E, um dos mais lindos que vivemos ate hoje foi justamente o daquele dia em que nossos corações fizeram-se uno. E era como se em uníssono nossas vozes cantassem a mesma música, no mesmo tom e intensidades iguais. Surpreendente mística esta de se ter bons amigos. “Uma mesma alma habitando dois corpos”. Sim, sentimento indiviso transmutado noutros corações. Esta é a mística de Deus. Amor divino que se faz humano, materializando-se no que podemos chamar de amigo. Continuidade de Deus no mundo.

E concordo, convictamente com Pe. Fábio de Melo ao dizer que “religião é ter bons amigos”. Ah, suspiro demoradamente e digo que sim, pois os amigos são alento na hora do cansaço, ânimo na hora da fraqueza, vida para o coração e musica para a alma. É por isso e por outras coisas que sou feliz, mesmo quando tudo parece desabar. Lembro-me desses anjos sem asas que Deus colocou em minha vida. Anjos que antecipam o céu para mim. Imagem visível do Deus invisível.

Aaaah, as mãos de Deus são as suas mãos em minha vida.


PS: Obrigada por simplesmente existir..apenas e nada mais.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Alivi - ando...

Sempre soube que nunca nos bastamos a nós mesmos, mas confesso que me agrada a idéia de que sim, poderíamos nos bastar. Sei que isso soa deliberada e grotescamente egoísta, mas não desconsidero que também seja altruísta. Sim, altruísta consigo mesmo.

Mas meus desejos não se convergem. As palavras precedem as ações, estas não a seguem. Então surge o conflito de ver-se desobedecida e incompreendida por sim mesma. Quero, mas não faço. E se faço, não é de todo como queria. Paradoxos existenciais e intermitentes, descompassados e insistentes. Será meu coração bipolar? Tantas incongruências assim me assustam, pois não consigo conter essas incessantes indagações que fervilham dentro de mim. Preciso do outro, sim eu sei. Mas não busco no outro o que preciso. Não me refiro aqui a simplesmente buscar no outro o que eu preciso de forma fria e calculista. Vai alem... Refiro-me aqui a abraços que podem me aquecer, sorrisos que podem me alegrar e mãos que unidas as minhas, me incitam a ir em frente.

Pronto. Na aparente teoria está estabelecida uma dependência que na prática – essência faz-se pedagogia do amor. Eu dependo do humano para ser cada vez mais humana. Ser humana me consome e me instiga a ultrapassar a aparência e chegar a completude do que a essência pode me proporcionar.

Sou portadora da humanidade, e por ser, sofro. Sofro com o sentimento de me sentir múltipla e desconexa e tudo isso em segundos ao mesmo tempo, quando, por força dessa humanidade minhas limitações sob a forma de fraturas expostas me mostram onde e como doem essas incongruências. Mas isso é o que justamente tece o meu processo de feitura e antecipa a possibilidade de sarar o que sangra.

Não vou me assustar. Meus olhos antes arregalados pela força do receio, permanecerão normais, mas não os impedirei de chorar, pois umedecendo a visão, possa ser que eu veja melhor.

Continuidades...


A sua face, seu sorriso, seu perfume estará guardado na minha caixinha de lembranças felizes. Não há por que esquecer quem se amou e o quão bom outrem nos fez.

Se a vida em seus percalços não me permite estar perto, assim o farei. Distancio-me o tempo necessário para que o coração se aqueça e entenda que a mística do viver consiste justamente em errar, acertar e errar de novo, quantas vezes preciso for. É este processo que bombeia o sangue para as veias da alma. A tessitura que vai formando minha casa interior.

Não permitirei que o coração carregue os desagravos da humanidade. Trevo é assim: ora bem-me-quer ora mal-me-quer. Convido a maturidade a desbravar minhas terras e o respeito para residir em minha tenda, residir e estabelecer moradia em campo por tempos imorredouros. Fique. Sente-se. Conte-me histórias.

Pausa.

Respiro fundo. Olho ao redor e vejo o campo e seus trigais. Caminho.

Sigo. Sento. Respiro e continuo. A cada passo estou mais perto do que é meu.

A visão ainda não permite vislumbrar o porto. Mas vejo lá ao longe uma árvore. A árvore que com sua sombra sugere descanso. Deito. Adormeço. A terra me acolhe em seus braços. O húmus divide com meu corpo sua força criadora. Um dia, me transformará em flor. Mas agora não; agora apenas me ensina a arte do plantar e colher.

Hoje, plantei girassóis.

Coisas de Amazonense...

1. Primeiramente, você tem que treinar falar com as pessoas pegando nelas.No braço, no ombro, no cotovelo. Mas tem de pegar.

2. Beijinhos de cumprimento são sempre dois.

3. Amazonense aponta com a boca. pergunte a um amazonense onde está algo e ele, muito provavelmente, em vez de levantar a mão e apontar, fará um biquinho em direção à coisa procurada.

4. Amazonense bom mesmo, típico, é aquele que não respeita sinais de trânsito. (Oh! Assino embaixo! Sinal vermelho aqui não significa nada. Faixa de pedestre, então, pode ser seu atestado de óbito!)

5. Cena típica: Carros (muitos e sempre buzinando! Claro!), pedestres, uma faixa de pedestre, dois semáforos (um para os carros e outro para pedestres).

6. Sinal Vermelho para os carros!!! Pelo menos uma meia dúzia de carros atravessará o sinal assim mesmo.
7. Sinal verde para pedestres, eles olham para um lado, olham para o outro (se for mão única, eles conferem se não tá vindo um louco na contramão).

8. De repente eles saem correndo desesperadamente para atravessar a rua(mesmo que o sinal esteja fechado para os carros)!!! Com uma semana vivendo aqui você entenderá esse comportamente. E fará o mesmo um dia!

9. Faixa de velocidade, então... Nem pensar. Muitos até fazem da faixa uma espécie de guia para centralizar seu carro.

10. E vá tentar andar na faixa? Você é considerado o pior motorista do mundo, com direito a olhares feios e até alguns xingamentos. Por outro lado, se seu carro quebrar,logo aparecem muitos amazonenses querendo dar uma mãozinha.

11. Calçada é estacionamento!

12. Andar de ônibus só se for de porta aberta e pendurado nos degraus - O motorista abre a porta 1 km antes de parar e só fecha 1km depois que saiu! Adrenalina urbana!!! Muita emoção!

13. Em meio a toda essa situação! Amazonense é solidário. Muito. Pergunte e ele responderá. Peça e ele lhe ajudará. Dê trela e ele grudará.

14. O amazonense é muito caloroso. Não só pelo calor que faz em Manaus, mas porque facilmente puxa papo e se integra a um grupo. Basta uma possibilida de entrada na conversa e..zapt! estamos dentro, na maior intimidade.

15. Algumas palavras e expressões que realmente levam algum tempinho para que sejam dominadas e internalizadas.


Principais palavras e expressões do dicionário Amazonês:


ÉGUA - Égua pode ser usado em várias situações. Alguém faz algo que você não entendeu: 'égua...'
Uma situação estapafúrdia? 'Éééguaa, maninho...'

QUE SÓ - Locução adverbial de intensidade, similar a 'pra caramba'. Hoje está quente que só'. 'Ela é lesa que só'. 'A sala estava lotada que só'

LESO (A), LESEIRA - Um leso é alguém que sofre de leseira. Leseira é
um abestalhamento momentâneo que acomete o leso. Se a leseira for uma característica contínua, dizemos que o leso sofre de leseira baré.
Segundo cientistas da Universidade de Kuala Lumpur, a leseira baré ocorre entre os amazonenses devido ao sol quente na moleira, que frita o cérebro e queima alguns neurônios. Temos ainda as expressões derivadas: 'Deixa de ser leso!' e 'Pára de leseira!'. Mas como tudo tem seus dois lados, dizem que o sol também causa nos amazonense algo chamado tesão de mormaço. Auto-explicativo.

AGORINHA - Diferentemente do uso no sudeste, agorinha quer dizer 'há alguns segundos', referindo-se ao passado e não ao futuro. 'Ela estava aqui agorinha, mas sumiu'.

OLHA JÁ! - Expressão de indignação correspondente a 'Mas que abuso!'. 'E aí, gata, me dá um beijo?' 'Mas, olha já esse aí...Te manca!'

MANO(A) - Tratamento carinhoso entre conhecidos ou não. Muito usado para fazer perguntas e pedidos. 'Mana, faz um favor pra mim'. 'E aí, tudo bem, mano?'

MANINHO(A) - Tratamento não carinhoso usado por pessoas que já estão estressadas 'maninho, tu não tem o que fazer não?'

TELESÉ - é a mesma coisa que 'tu é leso é?'

PITIÚ - Cheiro. Geralmente associado a peixe 'Tá sentindo um pitiú
danado aqui?'

BORIMBORA - Vamos embora. 'A gente não tem mais nada a fazer aqui.Borimbora!'

COM BORRA (E TUDO) - Com tudo. Expressão de alopro. 'Ela estava aprendendo a dirigir. Foi entrar na garagem e pisou no acelerador ao invés de pisar no freio. Aí entrou com borra e tudo na garagem, arrebentando o carro todo.

MAS QUANDO? - ( quer dizer que nunca, nem pensar ) - ' Ele disse pra eu ir lá na casa dele.. mas quando.

MACETA - Grande, imenso, de proporções anormais. 'Eu disse que ia lá brigar com ele e quando eu olhei o cara era maaaaaaaaaaceta. Saí fora...'

QUERIDA - Cuidado! Esse é um falso cognato. O uso da palavra 'querida'. Aqui no Amazonas denota um certo sarcasmo ou uma certa ironia. 'Escuta aqui, minha querida. Eu sou a mulher dele, entendeu?' 'Você não estáentendendo,querido.? (Significa você é um burro!)

CARAPANÃ - Pernilongo. Só que mais chato e mais chupador.Termo indígena para 'lança voadora'.

MAIS VOU MERMO - Indica uma afirmativa veemente . 'Vamos a Ponta Negra no domingo? Resposta: Mais vou mermo'. Ainda pode ser usada uma variação MAIS QUERO MERMO, 'Ta afim de um sorvete de creme de cupuaçu? Resposta: Mais quero mermo'. (Obs.: Uma verdadeira Amazonense nunca rejeita um sorvete de cupuaçu ou tapioca)

NEM COM NOJO - Indica uma negativa veemente. 'Não empresto dinheiro para ele nem com nojo', 'Vai ter que comer este peixe hoje, sem farinha amarela e sem pimenta. Reposta: Nem com nojo'.

MÁ RAPÁZ - O mesmo que 'Olha já!'. 'Me empresta teu carro?' 'Má rapá! Claro que não!' Outro momento classico do uso desta expressão, é quando esta é usada no sentido de "mais é claro!" exemplo: 'maroca, verdade que vc bateu na amante do seu marido? resposta; MÁ RAPAZ! ela estava procurando!'
"Bola": -Como faz para chegar no INPA? -Pega a bola do Coroado! Você pensa: Deve ter um globo nesse lugar, né? Não! Você está enganado!Bola=Rotatória!


"TEM, MAS JÁ ACABOU!" - Oh! Essa é ótima, hein! Você chega no mercadinho da esquina e pergunta para uma jovem senhora: "Tem tapioca?" Ela responde: "Maninho, tem, mas acabou". (uma tentativa de dizer: vendemos, mas no momento não tem).