Sempre soube que nunca nos bastamos a nós mesmos, mas confesso que me agrada a idéia de que sim, poderíamos nos bastar. Sei que isso soa deliberada e grotescamente egoísta, mas não desconsidero que também seja altruísta. Sim, altruísta consigo mesmo.
Mas meus desejos não se convergem. As palavras precedem as ações, estas não a seguem. Então surge o conflito de ver-se desobedecida e incompreendida por sim mesma. Quero, mas não faço. E se faço, não é de todo como queria. Paradoxos existenciais e intermitentes, descompassados e insistentes. Será meu coração bipolar? Tantas incongruências assim me assustam, pois não consigo conter essas incessantes indagações que fervilham dentro de mim. Preciso do outro, sim eu sei. Mas não busco no outro o que preciso. Não me refiro aqui a simplesmente buscar no outro o que eu preciso de forma fria e calculista. Vai alem... Refiro-me aqui a abraços que podem me aquecer, sorrisos que podem me alegrar e mãos que unidas as minhas, me incitam a ir em frente.
Pronto. Na aparente teoria está estabelecida uma dependência que na prática – essência faz-se pedagogia do amor. Eu dependo do humano para ser cada vez mais humana. Ser humana me consome e me instiga a ultrapassar a aparência e chegar a completude do que a essência pode me proporcionar.
Sou portadora da humanidade, e por ser, sofro. Sofro com o sentimento de me sentir múltipla e desconexa e tudo isso em segundos ao mesmo tempo, quando, por força dessa humanidade minhas limitações sob a forma de fraturas expostas me mostram onde e como doem essas incongruências. Mas isso é o que justamente tece o meu processo de feitura e antecipa a possibilidade de sarar o que sangra.
Não vou me assustar. Meus olhos antes arregalados pela força do receio, permanecerão normais, mas não os impedirei de chorar, pois umedecendo a visão, possa ser que eu veja melhor.
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