E todos os versos que a menina havia guardado em seu coração
E todas as palavras que trancafiara alma adentro, com receio de não ser compreendida
Pôs-se a cantar em tons líricos, desejosa de ter o complemento que faltava à colcha de retalhos de sua existência barbadiana. Sim, porque repousa em seu sangue o grito de liberdade de seus ancestrais. O sangue vermelho intenso é o mesmo que hoje ainda pulsa em veias finas e frágeis daquela menina.
E aqueles que antes choravam sob o jugo da escravidão, hoje cantam alegres, na margem do rio, seu canto de liberdade.
Mas agora, há outra luta a se travar e outras alforrias a se exigir.
Bem da verdade é que não é de hoje que o homem faz-se o lobo do próprio homem, como tão bem descobrira Locke em suas peripécias teóricas. Homens assim - de solilóquios- são interessantes por isso. Desenvolvem uma percepção seletiva.
E a menina aprende que basta uma flor na janela, apenas uma flor, para que sua existência tenha sentido. O “porque” sobrepuja o “como”. E o resto... Bom, é o sobressalente do que não importa. Conclusão: há muito mais do que uma flor. há muito que se amanhecer...
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