quarta-feira, 31 de março de 2010





Lembro de uma época em que eu era mais fiel... Fiel aos meus sonhos, fiel ao coração, à minha própria vontade. Vontade de quê? De não parar nunca.
Sentava-me lá na frente de casa e, sob a égide de um céu estrelado, punha-me a tecer os mais preciosos sonhos que visitavam a alma.
Não sei como nem de que forma a voz melodiosa da monotonia fê-los adormecer, em meio à penumbra de uma solidão que tentou cerceá-los.
É como estar preso numa caixa de vidro defronte ao oceano. Vislumbro toda a maravilha ...as ondas que uma por sobre as outras vão escrevendo sua história de idas e vindas no chão sacramentado da areia; as palmeiras que embaladas pelo vento, executam a mais perfeita sinfonia tal qual as ágeis mãos de um maestro a comandar sua orquestra; e estes pássaros dançarinos...vão escrevendo no papel azul do céu sua liberdade.
Estou batendo forte contra essa parede de vidro. Já percebo uma pequena rachadura que se fez pelo impacto das batidas incessantes de minhas mãos. E falta pouco, muito pouco para que essas paredes se quebrem.
Durante todo este tenpo, a única coisa que pude ouvir foram as badaladas de um sino que ao longe, me incitam os ouvidos a convencer os pés a ceder-lhes o pedido de ir em busca...Mais além. Não sei onde fica este lugar, mas pelo tilintar dos sinos, deixarei que a senhorita curiosidade me conduza até lá.
Só que antes, quero experimentar tudo o que por força da parede de vidro não pude.
E digo a ti: Vem, vem desenhar a minha alma e esculpir tua impressão neste coração, que tal qual a pedra,guarda silenciosa e humildemente dentro de si, o que o escultor se pôs a lapidar...o que nela sempre existiu.

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